A direcção dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento
enviou na segunda-feira, ao Comandante Operacional do Distrito de Santarém, um
pedido de instrução de processo disciplinar ao comandante do seu corpo de
Bombeiros, João Pombo. No mesmo dia solicitou “uma averiguação por comissão
especial da Autoridade Nacional da Protecção Civil” aos factos que levaram à
passagem ao quadro de reserva de todos os voluntários da corporação bem como ao
apuramento das consequências de tal situação.
Numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira ao
fim do dia, na sede da Associação, em que estiveram representados elementos da
direcção, Mesa da Assembleia Geral e Conselho Fiscal, foi dado a conhecer um
comunicado a ser enviado aos associados antes da Assembleia Geral Extraordinária
de 5 de Dezembro, a realizar no Pavilhão Municipal, solicitada por um grupo de
associados. No comunicado é referido todo o trabalho desenvolvido, nomeadamente
as candidaturas já aprovadas para a reabilitação do quartel e aquisição de uma
nova viatura de combate a incêndios, bem como o equilíbrio das contas numa
altura em que muitas corporações vivem momentos de grande aflição devido à
quebra de receitas. Os elementos da direcção fizeram questão de separar os
assuntos que dizem respeito às reivindicações do corpo de bombeiros dos que
dizem respeito à associação em si.
Trinta e dois bombeiros voluntários pediram a passagem ao
Quadro de Reserva no final de Outubro tendo, ainda antes de terem conhecimento
da decisão, abandonado o serviço. No dia 9 o comandante despachou favoravelmente
31 dos pedidos que, segundo a lei podem ser feitos por motivos pessoais, apesar
de na altura já ter sido tornado público que os bombeiros queriam, com aquela
atitude, a demissão do presidente da direcção da associação.
Na conferência de imprensa dos Corpos Gerentes, para além
do comunicado aos associados, foi divulgado um memorando do presidente da
direcção, Luís Graça, relativo ao papel decisivo do Comandante Operacional, João
Pombo, no precipitar da demissão dos bombeiros. O mesmo é acusado de não ter
cumprido as suas obrigações, nomeadamente a de manter os bombeiros coesos e
disciplinados e de ter impedido por todos os meios um possível entendimento
entre a direcção e os elementos que acabaram por solicitar a passagem ao quadro
de reserva. Aquele dirigente reconheceu que por vezes não terá tido a necessária
sensibilidade para lidar com assuntos que preocupavam os bombeiros mas diz que
tudo poderia ser resolvido se o comandante tivesse feito a ponte entre bombeiros
e direcção em vez de esconder informação para os dois lados tornando o conflito
inevitável. João Pombo foi ainda acusado de, apesar de raramente estar no
quartel, nunca ter delegado competências no segundo comandante ou no adjunto de
comando.
Dois elementos da direcção que participaram na conferência
de imprensa, João Lérias e Filipe Boavida, disseram que, independentemente da
decisão que os associados venham a tomar na Assembleia em que vai ser discutida
a destituição dos Corpos Gerentes, não estão disponíveis para continuar. Ambos
disseram sentir-se injustiçados por estarem a dar tempo das suas vidas para uma
causa comum sem qualquer retribuição e terem conseguido, em conjunto com os
restantes elementos, manter a corporação numa situação equilibrada e serem alvo
de ataques injustificados. Luís Boavida lamentou que “um excelente corpo de
bombeiros” tenha sido conduzido à actual situação por alguns elementos que não
são bons e que têm outros interesses.
Bianchi prometeu mas o regresso não se deu
João Bianchi Villar, um dos associados que pediu a
convocatória da Assembleia para demissão dos Corpos Gerentes, garantiu
publicamente, na reunião do executivo municipal de 21 de Novembro, que os
bombeiros regressariam ao serviço logo que fosse conhecida a data da Assembleia
mas tal não se verificou.
O Mirante
Sem comentários:
Enviar um comentário