A falta de meios de socorro "obrigou" um médico de Beja a transportar no seu carro particular, ontem, uma criança de três anos vítima de atropelamento.
Os pais do menino esperaram meia hora pela ambulância, que não apareceu.
A criança, que foi colhida por um carro, às 8.43 horas, numa passadeira do centro da cidade de Beja, foi inicialmente socorrida no Centro de Saúde, situado junto ao local do acidente. Só que, face à gravidade dos ferimentos, houve necessidade de a transferir para o hospital de Beja. O Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) de Lisboa e Vale do Tejo terá accionado o pedido de meios de socorro, mas sem êxito.
Em desespero, acabou por ser um médico a "vestir a pele" de bombeiro e o seu carro pessoal a substituir-se ao do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Com o consentimento dos pais da vítima, o clínico arriscou o transporte até ao hospital, fazendo-se acompanhar da mãe do menino e de mais dois colegas médicos.
A decisão foi tomada por Edite Spencer, directora em exercício do Centro de Saúde, depois de uma espera infrutífera pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) ou da viatura 112 estacionada nos bombeiros, já que a gravidade da situação foi comunicada, por três vezes, ao CODU de Lisboa e Vale do Tejo. A primeira chamada foi feita pela condutora da viatura que atropelou a criança e as restantes pelo próprio Centro de Saúde.
"Assumimos a responsabilidade do transporte da criança, face ao seu estado e há inexistência de um meio de socorro", disse, ao JN, Edite Spencer.
Após o acidente, foi accionado o 112, tendo a Polícia feito deslocar para o local uma viatura de prevenção de acidentes da Esquadra de Trânsito.
Ao JN, o sub-Comissário Graça confirmou que "não compareceu qualquer ambulância" para socorrer a criança, de ascendência ucraniana.
Fonte do Hospital de Beja informou, entretanto, que "o estado grave da criança" levou a que a mesma fosse evacuada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, "acompanhada de um médico e de uma enfermeira".
Edite Spencer revelou que o caso "foi de imediato participado à Administração Regional de Saúde do Alentejo" e acrescentou que vai ser elaborado um relatório com "as razões que levaram à forma de transporte da criança".
Pedro Coelho, porta-voz do INEM, reconheceu que o CODU recebeu uma chamada e as 112 duas chamadas, mas "em nenhuma das três foi feito qualquer pedido de socorro, nem tão pouco dada informação sobre o estado clínico da criança".
Fonte: Jornal Noticias
Uma situação que somente vem a reflectir a situação do socorro a nível nacional na área do Pré-Hospitalar, onde um instituto público “INEM” governa esse sector de uma forma grosseira e incompetente, ignorando pessoas e entidades.
É lamentável que pessoas com formação académica resolvem transportar uma criança em estado grave em veículo particular, se o 112 e o INEM não dão resposta, o que é normal hoje em dia, bastava ligar para os Bombeiros locais que a resposta seria atempada e correcta.
3 comentários:
Exmo. Senhor Paulo Ferreira,
sobre este post importa informar que o 112 funciona nas centrais de Emergência da PSP, sendo quem atende efectivamente as chamadas e encaminha para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM as chamadas relacionadas com a área da saúde.
Ora, nesta ocorrência, quando a vítima já se encontrava no Centro de Sáude, recebeu o CODU uma chamada do 112 alertando para a situação. Uma vez que a vítima se encontrava aos cuidados de profissionais de saúde, o INEM registou a situação explicando que, caso necessário, alertassem para a necessidade do envio de um socorro mais adequado.
Ou seja, o 112 e o INEM são dois serviços distintos e o INEM não recebeu qualquer pedido do Centro de Saúde. Assim sendo, como poderia actuar? Se o Centro de Saúde pediu socorro ao 112 (Central de Emergência da PSP), não tendo sido encaminhada a chamada para o INEM, como poderia esta Instituição enviar socorro?
Não se tratou assim de negligência por parte do INEM que todos os dias salva vidas e que apenas envia meios para situações concretas. A gestão dos meios de socorro é feita de forma criteriosa, para que estes meios não faltem em situações necessárias, situações essas que infelizmente, ocorrem com alguma frequência. Aquando da chamada recebida no CODU pelo 112, nunca se deu a conhecer a necessidade do socorro do INEM a uma vítima que se encontrava com profissionais de saúde.
Esperamos desta forma ter contribuído para um esclarecimento e apresentamos os melhores cumprimentos,
Ana F. S. Ros
Gabinete de Comunicação e Imagem
Instituto Nacional de Emergência Médica
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Os senhores erraram, e erraram grosseiramente, e esta mais que provado.
O porquê e que não accionaram meios de socorro?
Lá por o atropelamento ser a porta de um centro de saúde e que os funcionários desse centro estivessem junto da vitima, o senhores somente tinham que accionar meios de socorro.
Cego é aquele que não quer ver, surdo é aquele que não quer ouvir, "limitado" é aquele que não quer perceber!!
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